Identificação
Nome: Vítor Fonseca
Idade: 20
Cidade natal: Ipatinga-MG
Universidade/Campus/Curso/Período: Unimontes - Campus Professor Darcy Ribeiro em Montes
Claros, Medicina, 3º período (com a força da greve)
Vestibulando
Como foi sua preparação para o vestibular? Você
estudou sozinho, fez cursinho ou passou direto? Qual cursinho fez e por quantos
anos? Como era sua rotina de estudos?
Eu passei direto do 3º ano, que fiz no Elite (que não é Fibonacci).
Bom, eu sempre pensei que para se estudar, tem de ser inteligente. O estudo
começa antes mesmo do planejamento, na mentalidade. Vi muitas pessoas que
estudavam horas por dia e não conseguiam resultado algum enquanto outras,
enxugavam seus estudos e conseguiam o que queriam. A mentalidade do estudo, não
pode ser completar x número de questões, tirar nota y, ficar z horas, mas
aprender o conteúdo e melhor, aprender a fazer as questões do conteúdo. Então
eu sempre entendia a teoria, o que são as formulas, a lógica de tudo para depois
pensar em nos xyz's. Por exemplo, você não pode chegar numa questão de
cinemática, sem entender o que é velocidade, porque velocidade x tempo é
distancia, porque aceleração tem o s² (isso é o básico, esse é o raciocínio) e
outro exemplo, sem ser exatas, você chegar no ciclo de Krebs e tentar entender,
sem ter o raciocínio que tudo é energia, que para realizar trabalho é
necessário usar energia, que conseguir energia é diminuir as coisas, pulando
logo pra enzimas, ATP's, regulações. Tendo todo o entendimento, eu partia para
treinar em questões, sem ficar querendo resolver a questão e sim entender o que
é necessário e importante da matéria. Dessa forma eu fazia um número menor de
questões em um maior tempo, mas conseguir raciocinar no geral do conteúdo para
realizar outras que talvez nunca tinha me deparado.
Acho que esse vídeo completa bastante o que eu falei e
penso: https://www.youtube.com/watch?v=-2p5UzZLH7Q
Qual(is) faculdade(s) você prestou e em qual(is)
você passou? Você passou pelo ENEM, pelo seriado ou pelo vestibular
convencional?
Prestei vestibular tradicional da UERJ, os seriados da UNB,
UFJF, UFVJM, UNIMONTES e ENEM. Passei "apenas" no PAES.
Como você lidou com o emocional durante esse
período?
Não muito bem. Eu sempre me controlei quanto ao nervosismo pois
sabia que eu iria ter o desempenho que me preparei para ter, se me mantivesse
estável. Mas o peso de ter que decidir tudo da sua vida num momento que você
está exausto foi difícil, o que me manteve tranquilo foi saber que eu tinha
apenas 17 anos, que não tinha muito a perder, só a ganhar se conseguisse meu
objetivo.
Faculdade
Por que escolheu o curso e a faculdade que faz
hoje?
Unimontes pois foi onde passei. A parte do ir ou não, ficou
mais pela questão de pesquisas que fiz, como ENADE, sucesso nos processos de residência,
conversa com pessoas que estudaram aqui, o histórico da faculdade (tinha um dos
vestibulares tradicionais mais difíceis, com 430 por vaga), as oportunidades
que teria e a cidade, que acho que tem a mesma importância que a faculdade.
Quanto ao curso, como disse, não lidei muito bem com o
psicológico, um pouco disso pela toxicidade de algumas pessoas ou do descuido
de outras. Quando me deparei nesse momento complicado, psicologicamente
falando, fui tentando me encontrar como pessoa e percebi que o que me deixava
feliz era deixar pessoas felizes ou menos tristes.
Sua faculdade é tradicional ou PBL? O que você
acha do método adotado por ela?
PBL. Eu acho que é o melhor, pois não consigo me ver 12
horas por dia numa sala de aula (como muitas vezes aconteceu no meu ensino
médio). Estudo da forma que prefiro, sem depender da boa vontade de professores
universitários, que muitas vezes são complicados, o tempo que preciso, no
horário que for melhor para mim e se eu estiver me sentindo cansado, por
exemplo, posso me permitir flexibilizar muitas coisas para meu bem-estar.
Como é a sua rotina? Você participa de alguma atividade
extracurricular (atlética, grêmio, diretório/centro acadêmico, IC, ONG)?
Eu faço parte da IFMSA, que é uma ONG. Faço parte do CA.
Faço IC voluntária. Fiz/faço parte da atlética. Faço parte de projetos
voluntários: Sensibilizarte - basicamente melhorar o dia de pacientes
internados; Unimontes Solidária - que ajuda a levar saúde para cidades menores
e também atua em Montes Claros promovendo bem-estar.
Enfim, isso faz parte do que disse, procurei uma faculdade
que me desse oportunidades e encontrei na Uni. Isso me ajuda a enfrentar as
situações difíceis do curso em geral e também me enriquecem muito, seja com
conhecimento ou me aproximando do motivo da escolha do curso.
Quais foram suas principais dificuldades? O que
você considera a parte mais difícil do seu curso? (adaptação, matérias)
Minha maior dificuldade é o fato de os professores
entenderem os alunos como seres a serem testados. Por exemplo, geralmente as
tutorias são com especialistas no assunto e eles querem que tenhamos a mesma
profundidade que eles (exemplo aprender detalhadamente os exames que
farmacêuticos fazem, ao estudar imunologia). Ou então as provas entenderem que
o essencial não precisa ser cobrado, pois quem sabe os detalhes, sabe o
essencial. Exemplo: tive uma prova de fisiologia (que se baseia em um livro de
2mil páginas) que na parte de renal, cobrou apenas uma doença que estava em um
quadradinho de uma das 200 páginas do assunto, sendo que os professores, na
época, brigavam conosco por estudarmos doenças.
Um dos maiores choques é ter que aprender a estudar de forma
diferente. Não ter mais apostilas destiladas, não ter que estudar para questões
apenas, não ter aulas de todos conteúdos, não poder reclamar se o prof não deu
algo importante.
Existem outras várias dificuldades, como morar sozinho e
tal, mas essa é a mais difícil de lidar.
Você notou alguma diferença sobre a ideia que
você tinha do curso antes e depois de ingressar na faculdade?
HAHAHA Acho que as pessoas deviam parar de fazer o desfavor
criar uma imagem mágica da faculdade. É tudo (quase) mentira ou distorcido. Seu
psicológico não vai estar muito diferente de quando estava no ano de
vestibulando, você não vai estudar menos ou só o que gosta, as pessoas não vão
estar mais unidas que na época de disputa do vestibular, não vai ser mais
fácil. Saiba disso e siga em diante, não terá o choque que muitos tem.
Eu sabia que a realidade seria diferente, pois muitas vezes
conversei com pessoas que me disseram isso, mas ainda me iludi um pouco.
Fale um pouco da cidade que você reside?
MOC é uma das maiores cidades de minas. Os pássaros dizem
que aqui se aproxima de 500mil habitantes e é uma cidade plana com poucos
prédios, então é muito bom. Assim que cheguei aqui fiquei APAIXONADO, as
pessoas foram muito solicitas, ajudavam com vontade, me senti muito acolhido,
numa época que precisava né? haha. Gosto muito da cidade!
O que você pretende fazer ao se formar?
(Especialização, área de trabalho: academia, pesquisa, indústria)
Penso em coisa demais! Eu tenho vontade de me tornar
professor, pelo que já citei, sei que posso contribuir muito com alunos. Quanto
a especialização, tendo para algo com mais proximidade, contato, para conseguir
o que pretendia quando escolhi o curso.
Uma dica para um vestibulando...
Cara, são tantas coisas a se dizer...
1º - Não deixa ninguém falar nada sobre seu curso. O curso é
seu, a profissão é sua, a vida é sua. É difícil não ser influenciado, mas é
mais difícil ainda trabalhar 50 anos numa coisa que não quer!
2º - Saiba que para escolher o curso, você não tem que
gostar da matéria ou da área de trabalho, mas dos dois, de preferência. Formar
é difícil se não gostar da matéria e ainda mais vai ser entrar no mercado de
trabalho. Gostar da matéria e não se ligar na grande diferença que vai ter quando
for colocar em prática na profissão é complicado.
3º - Muita atenção na sua preparação. Como disse antes,
conheci muita gente que fazia 300 exercícios de um conteúdo e quando caia um
exatamente igual a 50 que ela fez ela não conseguia repetir. Ela demorou 30
horas para estudar pruma matéria, mas talvez não aprendeu nem 10% desse tempo.
Vítor, amei entrevistar você! Você é uma pessoa incrível e com certeza será um médico sensacional. Certamente, sua entrevista inspirará muitos vestibulandos e também estudantes já na faculdade! Muito obrigada por contribuir com meu Blog!
Rachel Campos Ornelas
Rachel Campos Ornelas
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